domingo, 24 de julho de 2011

NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS



Feminismo e a luta pela igualdade de gênero



As bases do feminismo se assentam na ideia de que a sociedade é organizada de forma patriarcal, onde o homem recebe vantagens sobre a mulher. Hoje, o feminismo é um movimen­to social que defende igualdade de direitos e status entre homens e mulheres em todos os campos (ALVES, p.15, 1991). Ativistas políticas feministas advogam a igualdade social, política e econômica entre os sexos, inscrita inclusiva­mente nas constituições e tratados internacionais. Tenta esclarecer questões sobre temas como direitos reprodutivos, a posição da mulher como objeto (essencialmente sexual), violência sexual e doméstica, licença pós-parto, igualdade salarial, assédio sexual, discriminação no local de traba­lho, pornografia e o patriarcalismo. Ou seja, o movimento feminista pode ser visto como uma teoria social e como um movimento político. Destarte, o feminismo está vinculado aos movimentos em defesa dos direitos humanos e ligado diretamente às lutas pela defesa da qualidade de vida tanto no que diz respeito à defesa das liberdades civis, aos direitos sociais, ou seja, está vinculado a um novo projeto de sociedade civil. Sua im­portância, como expressão política, tem servido como referência meta-societal de movimentos sociais, tornando-se assim um instrumento de pressão política. Para saírem da invisibilidade e do espaço consi­derado secundário, as mulheres foram em busca da luta, da resistência e da organização.




ALVES, Branca Moreira & PITANGUY, Jac­queline. O que é feminismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.
SANTOS, Jucélia Bispo dos. Novos Movimentos Sociais: Feminismo e a luta pela Igualdade de Gênero. Disponível em: reid.org.br/arquivos/00000228-07-09-santos.pdf.



ENTREVISTA COM A REPRESENTANTE DOS USUÁRIOS...

A entrevista audiovisual que segue abaixo nos foi concedida pela senhora Marilda que é representante dos usuários da Assistência Social no município de Bom Jesus do Norte/ES. E nos apresenta um pouco das dificuldades em ser mulher nos dias de hoje, como também a atuação tanto das políticas públicas voltadas à mulher e, os movimentos sociais. 





Equipe 04 de Bom Jesus do Norte/ES.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

FASES DO MOVIMENTO SOCIAL

Para 63,7%, cor ou raça influencia na vida, aponta IBGE


 No link abaixo encontra-se uma reportagem postada pelo site da Globo.com, no qual o IBGE relatou um estudo inédito das Categorias de Classificação de Cor ou Raça, onde mostrou através de levantamentos uma realidade bem ativa em nosso país.
Confira na íntegra os dados revelados acessando: 
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/07/para-637-dos-brasileiros-cor-ou-raca-influencia-na-vida-aponta-ibge.html

quarta-feira, 20 de julho de 2011

FILMES/ DOCUMENTÁRIOS RELACIONADOS

LEGENDAS: http://www.opensubtitles.net


DOCUMENTÁRIO: DA SERVIDÃO MODERNA

"...Este documentário é antes de tudo um instrumento militante cujo objetivo é fazer com que um número grande de pessoas se questionem e difundam a crítica por todos os lados e sobretudo onde ela não tem acesso... As referências que inspiraram esta obra... são Diógenes de Sinope, Etienne de La Boétie, Karl Marx e Guy Debord... A crise econômica, social e política revelou o fracasso patente do sistema totalitário mercante. Uma brecha surgiu. Trata-se agora de penetrar mas de maneira estratégica..."
Jean-François Brient e Victor León Fuentes

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DOCUMENTÁRIO: SURPLUS

"Longe de ser apenas uma crítica ao consumismo ou a sistemas políticos, Surplus, documentário sueco, dirigido pelo italiano Erik Gandini em 2003,  é um olhar sobre o jeito de ser e de viver da humanidade. Largamente divulgado pela Internet, este trabalho coloca em discussão não apenas a vida em sociedade e a ordem estabelecida, como também a própria essência humana."    fonte: http://www.cineplayers.com/critica.php?id=1453

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FILME: ANJOS DO SOL

"Anjos do Sol conta a saga da menina chamada Maria, de quase doze anos, que no verão de 2002 é vendida pela família, que vive no interior do nordeste brasileiro, a um recrutador de prostitutas, imaginando que a garota estaria indo viver em um local melhor que vivia, pois não sabiam que se tratava exatamente o recrutamento. Depois de ser comprada em um leilão de meninas virgens, Maria é enviada para um prostíbulo localizado numa pequena cidade, vizinha a um garimpo, na floresta amazônica. Após meses sofrendo abusos, Maria consegue fugir e atravessa o Brasil na carona de caminhões. Ao chegar ao seu novo destino, o Rio de Janeiro, a prostituição se coloca novamente no seu caminho e suas atitudes, frente aos novos desafios, se tornam inesperadas e surpreendentes." fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anjos_do_Sol

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DOCUMENTÁRIO: BRASIL: UMA HISTÓRIA INCONVENIENTE

"Portugal foi responsável pela maior emigração forçada da história da humanidade. De Angola chegou ao Brasil um número 10 vezes superior de escravos comparado à America do Norte. Este documentário, sobre o passado colonial do Brasil, foi realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001. Uma verdade inconveniente da história de Portugal.
Enquanto todo o mundo conhece a história da escravidão nos EUA, poucas pessoas percebem que o Brasil foi, na verdade, o maior participante do comércio de escravos. Quarenta por cento de todos os escravos que sobreviviam à travessia do Atlântico eram destinados ao Brasil, quando apenas 4% iam para os EUA. Chegou uma época em que a metade da população brasileira era de escravos. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, em 1888. O documentário tem depoimentos dos historiadores João José Reis, Cya Teixeira, Marilene Rosa da Silva; do antropologista Peter Fry e outras pessoas que contam os efeitos de séculos de escravidão no Brasil de hoje. Este é um importante documentário sobre a história dos negros, história africana e estudos latino americanos." fonte: http://ebooksgratis.com.br/filmes-e-documentarios/documentario-brasil-uma-historia-inconveniente-phil-grabsky/

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DOCUMENTÁRIO: MUITO ALÉM DO CIDADÃO KANE

"O título do documentário faz uma referência à personagem de Orson Willes no filme “Cidadão Kane”, que é uma menção ao mega empresário das comunicações nos Estados Unidos William Randolph Hearst.
O vídeo mostra o preocupante acúmulo de poder nas mãos de empresários da imprensa no Brasil, assim como a supremacia da rede Globo, que usa de falcatruas para se manter no poder. Descobrimos que Roberto Marinho nunca se opôs ao governo, assim podia manter sua concessão e continuar manipulando a imprensa. Ele apoiou o regime militar da ditadura; ocultou fatos importantes da história brasileira, como as manifestações pelas “Diretas já”; exibiu edições tendenciosas de debates (Lula e Collor) , falsos resultados em pesquisas de preferências,  feitas pelo IBOPE, e acima de tudo, demonstrou que a ética não foi um dos métodos usados para chegar aonde chegou." fonte: http://celiamota.wordpress.com/2009/04/14/muito-alem-do-cidadao-kane/




DOCUMENTÁRIO: REVOLUÇÃO DOS COCOS

"Um documentário produzido pela National Geographic, com título The Coconut Revolution, relata a luta do povo de Bougainville contra a mineradora inglesa multinacional Rio Tinto Zinc, e depois por sua independência.
Além disso, este documentário mostra também que os separatistas conseguiram uma verdadeira revolução, social e ecológica, superando um fatal bloqueio econômico através da recuperação e invenção de práticas autônomas de economia, medicina, etc." fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_dos_Cocos

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DOCUMENTÁRIO: ESTAMIRA


' “Estamira” relata fielmente a vida de uma senhora tachada como louca pela família e médicos, porém de uma lucidez incrível.
Este foi o primeiro documentário do originalmente fotógrafo Marcos Prado. Vencedor de um total de 23 prêmios nacionais e internacionais conta a história de Estamira, mulher simples de vida difícil que encontra no lixão uma possibilidade de sobrevivência.
Essa senhora de 62 anos de idade renega a Deus por diversas razões e é capaz de explicar todos os fenômenos naturais e humanos de forma lúcida, eloqüente e ao mesmo tempo questionadora. Ela é uma prova de que as pessoas têm sim a capacidade de pensar e agir de forma contrária à padrão e se manterem intelectualmente ativas, embora os psicanalistas que a tratam discordem desse conceito preferindo dopá-la à ouvi-la.
Estamira não é uma mulher estudada, pelo contrário, mal sabe ler já que durante a infância passou por maus bocados que, no decorrer do documentário, servem para explicar suas “crenças” e instabilidade emocional.
A direção de Marcos Prado foi brilhante, ele não tentou dar voz à Estamira, ele simplesmente buscou uma forma de tornar visível sua existência para que servisse de exemplo nu e cru para todos aqueles que venham a se interessar por compreender o ser humano como indivíduo racional, não só emocional como estamos acostumados a ver nas telas de cinema.' fonte: http://www.cranik.com/estamira.html

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terça-feira, 19 de julho de 2011

ANÁLISE SOBRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS

DIREITOS SOCIAIS E A EVOLUÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL 

CONQUISTA DOS DIREITOS SOCIAIS
          Os direitos surgem, inicialmente, confrontando o Estado absolutista, ao defender o direito à liberdade, segurança, propriedade e à vida, posteriormente, visando o Estado de direito.
[...] No Estado despótico, os indivíduos singulares só têm deveres e não direitos. No Estado absoluto, os indivíduos possuem, em relação ao soberano, direitos privados. No Estado de direito, o indivíduo tem, em face do Estado, não só direitos privados, mas também direitos públicos. O Estado de direito é o Estado dos cidadãos. (BOBBIO, 1992, p. 61)
A luta, a partir de então, foi a de universalizar os direitos para toda a humanidade. É neste contexto que encontramos os primeiros movimentos operários pela garantia de direitos. Este momento foi marcadamente influenciado pelas duas guerras mundiais, onde havia a necessidade de se reerguer a economia dos países afetados por ela, através do incentivo à exploração da força de trabalho, especialmente, da classe operária, fortemente politizada no contexto.
São considerados direitos civis: o direito à vida, à liberdade de pensamento e fé, o direito de ir e vir, à propriedade privada, à liberdade de imprensa e à igualdade perante a lei, traduzida pelo direito a um processo legal, ao habeas corpus e de petição. Esses direitos são apontados por Locke (principal teórico da Revolução Gloriosa) como direitos naturais e inalienáveis. A eles foram agregados os direitos políticos, que se traduzem pelo direito de votar e ser votado, direito à associação e à organização, presentes na sociedade a partir do século XIX. (COUTO, 2008, p. 47)
Portanto, os direitos sociais se baseiam na idéia de igualdade, partindo-se do pressuposto que o sistema capitalista cria as condições para o desequilíbrio social. Possuem um caráter redistributivo que objetiva a garantia do acesso aos bens socialmente produzidos.
Entender o movimento de construção dos direitos, de forma geral, é aceitar que a criação, a negação, a expansão e a retração são partes de um processo integrado e articulado por distintos sujeitos sociais.
O status de cidadão é adquirido a partir da conquista de direitos civis, sociais e políticos. A extensão dos direitos de cidadania nos países de desenvolvimento capitalista alcançou sua maior expressão institucional com a universalização do sufrágio universal. No Brasil, os direitos políticos surgem primeiro que os direitos civis no século XIX, enquanto os direitos sociais tomam impulso no período de 1930-1945, culminando com sua inclusão no texto da Carta Constitucional em 1988. Enquanto nos países centrais a expansão de direitos aconteceu, inicialmente, no âmbito dos direitos civis para desembocar, posteriormente, nos direitos políticos. Na maioria dos países da América Latina (com exceção do Chile, Costa Rica e Uruguai), ocorreu o contrário, ou seja, a política foi implantada em meio a uma cidadania civil fraca ou extremamente injusta, para não falar do problema mais grave que eram os direitos sociais.
De maneira geral, pode-se dizer que os direitos políticos traduzem-se na capacidade de votar e de ser votado. Estas idéias são hoje intimamente ligadas à democracia representativa, na qual o povo escolhe seus representantes políticos que ocuparão os cargos, sobretudo, nos Poderes Executivo e Legislativo, com funções de administrar e legislar sobre o interesse comum.
A democracia representativa é uma característica das sociedades de massa. Contraditoriamente, constata-se que ela não viabiliza a participação de todos os cidadãos nos espaços deliberativos públicos.
Esse deslocamento da noção de representatividade não é obviamente inocente nem em suas intenções nem em suas conseqüências políticas. [...] Esse entendimento particular da noção de representatividade a reduz à visibilidade social, entendida, por sua vez, como espaço ocupado nos vários tipos de mídia. (DAGNINO, 2002, p. 291)
A Constituição da República Federativa do Brasil datada de 1988 em seu Art.1º, parágrafo único, assegura que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” (BRASIL, 2006, p.13). A Constituição adota, assim, uma democracia representativa mesclada com mecanismos importantes para efetivar a democracia direta, onde os cidadãos participam ativamente da tomada de decisões de relevância pública.
A precariedade dos direitos civis e sociais no Brasil nos leva a pensar os conceitos de democracia e cidadania utilizados. Alcançou-se a democracia eleitoral e suas liberdades básicas, trata-se, agora, de avançar em direção da democracia plena, que excede o exercício dos direitos políticos, ampliando-se para os direitos civis e sociais.
A democracia participativa somente pode produzir seus desdobramentos ótimos se dispuser de cidadãos e de associações com disposição política para experimentar dinâmicas decisionais coletivas e competições cooperativas, isto é, destinadas não a promover destruições recíprocas, mas a compor unidades na diversidade. Evidentemente, tanto mais avança quanto mais as estruturas sociais estiverem abertas para a mobilidade e a igualdade. Pensada, porém, como recurso de transformação social e de reinvenção do político, apenas pode avançar se seus cidadãos forem alcançados por processos fortes de educação política, de conscientização cívica e de politização. Esses cidadãos não são apenas seus protagonistas principais: são sua garantia. São requisitos dela e produtos dela. Cidadãos ativos, afinal, portadores de direitos e de deveres. (NOGUEIRA, 2005, p. 163-164)
Com a constituição de um novo sistema de proteção social no país, criaram-se as condições necessárias para a coletivização do seguro social, à ampliação dos direitos da população e ao rompimento da restrição que tornavam os serviços de políticas sociais de uso exclusivo do cidadão-contribuinte. Após uma ampla reestruturação do modelo de funcionamento das novas políticas sociais, ampliaram-se os serviços não-contributivos e vislumbrou-se no país (no plano formal) a possibilidade de universalização de acesso a seus serviços. O novo estatuto jurídico havia terminado com a relação direta e intrínseca entre a capacidade contributiva do cidadão e a garantia de seus direitos sociais.
Através de Yazbek (1993, p. 36) pode-se perceber que:
As políticas sociais no Brasil nascem e se desenvolvem na perspectiva de enfrentamento da ”questão social”, permitindo, apenas, acesso discriminado a recursos e a serviços sociais. O caráter regulador de intervenção estatal no âmbito das relações sociais na sociedade brasileira vem dando o formato às políticas sociais no país: são políticas casuísticas, inoperantes, fragmentárias, superpostas, sem regras estáveis ou reconhecimento de direitos [...] constituem-se de ações que, no limite, reproduzem a desigualdade social na sociedade brasileira.
Apesar da relevante institucionalização da temática social nos últimos anos, com a criação de novos canais de participação – como os conselhos municipais, o orçamento participativo e os organismos de controle social - o aperfeiçoamento das ações dos diversos governos e o sucesso destas novas institucionalidades dependem, em grande medida, da fiscalização rígida e eficaz de uma rede institucional.


EVOLUÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL

Os movimentos sociais são sinais de maturidade social que podem provocar impactos conjunturais e estruturais, em maior ou menor grau, dependendo de sua organização e das relações de forças estabelecidas com o Estado e com os demais atores coletivos de uma sociedade.
No Brasil, início do século XX, destacavam-se os movimentos ligados ao setor rural. Em meados de 1950, os movimentos nos espaços rurais e urbanos conquistaram visibilidade através da realização de manifestações em áreas públicas. Nos anos 1960 e 1970, mesmo diante de uma forte repressão policial, os movimentos não se calaram. Havia reivindicações por educação, moradia e pelo voto direto. Em 1980 destacaram-se as manifestações sociais conhecidas como "Diretas Já".
Juntamente com o novo sindicalismo, a emergência dos movimentos sociais nos anos 70 concentrou grandes esperanças quanto à possibilidade de mudanças radicais na estrutura social brasileira. Alçados pela historiografia especializada à condição de único canal possível de resgate da sociedade civil de sua condição de “massa amorfa”, tais movimentos e/ou análises serviram de suporte para expectativas utópicas as mais variadas. (FONTES; MENDONÇA, 1994, p. 96)
Analisando os movimentos sociais no Brasil, nota-se uma presença marcante das teorias marxistas, tanto em movimentos da área urbana quanto da área rural. No espaço urbano temos um leque amplo de temáticas como a luta por creches, escolas públicas, moradia, transporte, saúde, saneamento básico etc. Quanto ao espaço rural, temos  movimentos de bóias-frias, posseiros, sem-terras, arrendatários e pequenos proprietários.
Cada um dos movimentos possui uma reivindicação específica, no entanto, todos expressam as contradições econômicas e sociais presentes na sociedade brasileira.
Em decorrência do processo de crescimento, denominado desenvolvimentismo, o cenário político, econômico e social do país sofreu mudanças profundas, especialmente no período caracterizado pelo “milagre econômico”. De 1968 a 1973 o Brasil crescia às custas do operariado enquanto arraigava a repressão fundamentado pelo Ato Institucional V (AI5). Neste contexto de grande repressão e injustiças, a esquerda brasileira organizava-se no sentido de politizar os oprimidos pelo sistema. Processavam-se, neste momento, agentes sociais fortemente politizados e conscientes de seus papéis frente à sociedade. Seres estes que lutaram em prol da garantia de seus direitos sociais, civis e políticos.
O novo Ato Institucional veio, como vimos, a pôr fim aos movimentos de ‘rebeldia’ que se tinham organizado em vários níveis [...]. Decretado em dezembro de 1968, ele suspendia todas as garantias constitucionais e individuais, sem prazo para sua vigência. Assinalou mudanças no regime, explicitando o deslocamento dos sorbonistas do centro das articulações militares e ampliando ainda mais os poderes presidenciais pela incorporação do caráter permanente dos controles a ele atribuídos [...] (FONTES; MENDONÇA, 1994, p. 45-46)
Após este período de ilusório crescimento o país entra em uma grave crise de caráter recessivo. Tal fato fracionou os defensores do regime e gerou um descontentamento das camadas médias e do operariado. Assim, veio à tona os novos sujeitos sociais criados no seio da desigualdade.
[...] A sociedade civil ganhou nova articulação, as oposições conseguiram seus primeiros êxitos eleitorais e ampliaram sua base social, o movimento sindical (especialmente aquele referenciado pelo cinturão industrial paulista, o ABC) recebeu alento e voltou a realizar greves. Com flagrantes problemas de legitimação, e às voltas com disputas e indisciplinas em seu próprio interior, o regime foi forçado a pôr em prática um projeto de abertura controlada que garantisse sua auto-reforma e sua reprodução. O país como um todo ingressará assim numa fase de tensão e turbulência, que o levará, ‘de modo lento, gradativo e seguro’, como queria Geisel, de volta à democracia. (NOGUEIRA, 2005, p. 20)
No término da década de 1970 e durante a década de 1980, é possível verificar um avanço significativo da sociedade civil. Os grandes responsáveis foram aqueles que lutaram em prol de uma sociedade mais justa e igualitária, ou seja, foram indivíduos extremamente politizados que lideraram os Movimentos Sociais e que, posteriormente, dissiparam um governo autoritário e repressor.
Conforme se verifica em Sader (1988, p. 26-27):
[...] O impacto dos movimentos sociais em 1978 levou a uma revalorização de práticas sociais presentes no cotidiano popular, ofuscadas pelas modalidades dominantes de sua representação. Foram assim descobertos movimentos sociais desde sua gestação no curso da década de 70. Eles foram vistos, então, pelas suas linguagens, pelos lugares de onde se manifestavam, pelos valores que professavam, como indicadores da emergência de novas identidades coletivas [...].
 Neste contexto de transição, a Constituição Federal de 1988 nasce apresentando certa relevância às questões sociais.
De fato, sob o impacto das lutas sociais que agitaram toda a década de 1980, a nossa velha e nunca resolvida questão social foi colocada no centro das promessas que acenavam com a construção de uma sociedade capaz de conciliar maior liberdade e maior igualdade (TELLES, 2001, p. 14)
A tomada do poder através da democracia, em 1985, redefiniu o fazer político entre o Estado e a sociedade. A ditadura levou a sociedade a odiar a política.
[...] Os brasileiros foram incentivados a manter relações ambíguas com a política. Ampliaram seus atritos e se desiludiram com a classe política, passaram a pôr em dúvida a eficácia de eleições e rotinas parlamentares, hostilizaram partidos e institutos de representação [...] (NOGUEIRA, 2005, p. 24) 
Conseqüentemente, a sociedade civil não conseguiu atrelar-se de maneira mais eficaz à sociedade política durante o processo de democratização. Ao mesmo tempo em que crescia a participação não havia a articulação necessária para dar vazão às reivindicações dos movimentos sociais.
A problemática que parece destacar-se com maior contundência e que, de diferentes maneiras, perpassa as análises, diz respeito às práticas evidenciadas pelos movimentos sociais a partir da década de 1970, que colocam em xeque os paradigmas teóricos tradicionalmente usados pela sociologia e pela história para interpretar a organização da sociedade e/ou mudanças sociais [...] (RIBEIRO, 1998, p. 46)
Dentre os movimentos de destaque dos anos 1990 temos os movimentos de gênero (relações homens e mulheres) e os movimentos identitários e culturais. Temos também o Movimento Sem-Terra (MST), as Organização Não-Governamental (ONGs) e os movimentos sindicais.
No caso das ONGs, esse deslocamento não é só sustentado pelas próprias organizações mas reforçado pelos governos e pelas agências internacionais, que buscam parceiros confiáveis e temem a politização da interlocução com os movimentos sociais e com as organizações de trabalhadores, e alimentado pela mídia, com freqüência por motivos semelhantes. O resultado tem sido uma crescente identificação entre ‘sociedade civil’ e ONGs, onde o significado da expressão ‘sociedade civil’ se restringe cada vez mais a designar apenas essas organizações, quando não em mero sinônimo de ‘Terceiro Setor’ [...] (DAGNINO, 2002, p. 291)
Inicia-se a década de 1990, em nível internacional, com a idéia de que se deveria acabar com a intervenção malograda do Estado sobre a sociedade, o mercado e à liberdade. Norteado por este princípio, instalou-se uma reforma que resultou no distanciamento da intervenção estatal. Trata-se de uma inversão de papéis, ou seja, na concepção neoliberal, a hegemonia do mercado prevalecendo sobre a sociedade e o Estado.
Essa ‘ausência’ de Estado reforçou dois tipos de desajustes. Por um lado, fez com que os atores políticos ficassem com dificuldades ainda maiores para alcançar uma idéia revigorada de pacto político ou projeto nacional [...] Aumentou a natureza errática e ‘fisiológica’ dos partidos e da classe política como um todo, incentivando assim a proliferação de projetos de poder desvinculados de projetos de sociedade. Por outro lado, fez com que os movimentos sociais se soltassem ainda mais do político e procurassem forjar uma ‘legalidade’ e uma ‘institucionalidade’ próprias, desinteressando-se da formulação de projetos de hegemonia, abertos a toda a sociedade e capazes de fornecer respostas e perspectivas para os diferentes grupos sociais [...]. (NOGUEIRA, 2005, p.31)
É dentro desse processo democrático que se coloca a questão da sociedade civil. No entanto, devemos visualizá-la além das perspectivas da mera participação, ou seja, vislumbrar o nível da efetiva politização, libertando-a das correntes invisíveis dos interesses particularistas com o intuito de alcançar a hegemonia do Estado.
[...] a necessidade de conquistar o consenso ativo e organizado como base para a dominação – uma necessidade gerada pela ampliação da socialização da política – criou e/ou renovou determinadas objetivações ou instituições sociais, que passaram a funcionar como portadores materiais específicos (com estrutura e legalidades próprias) das relações sociais de hegemonia. E é essa independência material – ao mesmo tempo base e resultado da autonomia relativa assumida agora pela figura social da hegemonia – que funda ontologicamente a sociedade civil como uma esfera própria, dotada de legalidade própria, e que funciona como mediação necessária entre a estrutura econômica e o Estado-coerção. [...] (COUTINHO, 2003, p.129)
Esta sociedade civil que segue desenvolvendo-se permeada pelos parâmetros da reforma do Estado, torna-se progressivamente despolitizada. Devemos pensar os indivíduos como sujeitos da própria história, com capacidade de assumirem a direção de um projeto societário alternativo. Só se chega à hegemonia na medida em que os agentes sociais começam a se fazer parte integrante do Estado.
Portanto, segundo Almeida (2008, p.38), sob a visão de Gramsci, a sociedade civil tem por objetivo:
A sociedade regulada não visa eliminar o pluralismo e a heterogeneidade, mas confrontá-los com um projeto coletivo orientado pelos interesses da maioria, isto é, sob a hegemonia das classes subalternas. No entendimento dos Gramscianos contemporâneos, o socialismo democrático deve articular pluralismo e hegemonia, no sentido de preservar as liberdades civis e os direitos políticos conquistados historicamente, além, é claro, de eliminar os obstáculos à apropriação social e à soberania popular, elementos fundantes do projeto socialista [...]
A sociedade civil não se inicia politizada. Para que isso aconteça, a priori, torna-se extremamente necessário as lutas entre os diversos grupos, projetos e interesses. Não há, atualmente, tais espaços que busquem este patamar de politização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Érica T. Vieira de. Memória do Serviço Social. Políticas Públicas: A Re-significação do conceito de sociedade civil a partir dos anos 70 – uma análise crítica sobre a “nova” sociedade civil. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez, v. 29, n.96, p. 27-48, novembro 2008.

BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2009. (Biblioteca básica do serviço social; v. 2).


BOBBIO, Noberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.


BRASIL. Constituição (1988). Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2006.


COUTINHO, Carlos Nelson. Democracia e socialismo: questões de princípio & contexto brasileiro. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1992. – (Coleção polêmicas do nosso tempo; v. 51).


______. Contra a corrente: Ensaios sobre a democracia e socialismo. São Paulo: Cortez, 2000.
______. Gramsci: um estudo sobre o pensamento político. 2. ed. Rio de Janeiro, 2003.

COUTO, Berenice Rojas. O Direito social e a assistência social na sociedade brasileira: uma equação possível? 3. ed. São Paulo: Cortez, 2008.


DAGNINO, Evelina. Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

FONTES, Virginia Maria; MENDONÇA, Sonia Regina de. História do Brasil recente: 1964-1992. 3. ed. São Paulo: Ática, 1994.

IAMAMOTO, Marilda; Carvalho de Raul. Relações sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de interpretação histórico-metodológica.  18. ed. São Paulo: Cortez; [Lima, Peru]: CELATS, 2005.


NOGUEIRA, Marco Aurélio. Um Estado para a sociedade civil: temas éticos e políticos da gestão democrática.  2. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

RIBEIRO, Marlene. Terceiro setor e movimentos sociais hoje: O caráter pedagógico dos movimentos sociais. Serviço Social & Sociedade, São Paulo: Cortez, v.19, n. 58, p. 41-71, novembro 1998.

SADER, Eder. Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo, 1970-80. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

TELLES, Vera da Silva. Pobreza e cidadania. 1. ed. São Paulo: Editora 34, 2001.


YAZBEK, Maria Carmelita. Classes subalternas e assistência social. São Paulo: Cortez, 1993.








UM POUQUINHO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL...

O vídeo apresentado retrata a luta dos movimentos sociais no Brasil e a dificuldade em se consolidar e acabar com as desigualdades sociais existentes no nosso dia a dia, principalmente nos grupos historicamente discriminados que sofrem preconceitos  e exclusões sociais, que por sua vez afetam a dignidade humana, pois independente de classe social, gênero ou etnia, todo e qualquer indivíduo é portador dos mesmos direitos que qualquer outro membro da sociedade. Cabe a nós lutar por esses direitos.
Vale a pena assistir!!! a narração é de uma qualidade incrível




segunda-feira, 18 de julho de 2011

PARALELO ENTRE OS CONCEITOS TRABALHADOS NO MÓDULO I E OS MOVIMENTOS SOCIAIS


Em nossa postagem de hoje iremos fazer um paralelo entre os Movimentos Sociais e os principais conceitos abordados no Módulo I do Curso de Gestão em Políticas Pública de Gênero e Raça (GPPGR). A saber: Políticas Públicas; Políticas de Estado e Governo; Democracia e seu reconhecimento; Cidadania; Diversidade Cultural; Igualdade de Direitos e Direitos Humanos; Democracia Racial; Desigualdade e Exclusão Social; Gestão política; Políticas Universalistas, focais e afirmativas; movimentos Identitários.

Os Movimentos Sociais e as Políticas Públicas



Movimento Social é a reunião de pessoas que se põem em movimento pela conquista de algo. Em sua concepção política, movimentos sociais são compostos pelo povo, normalmente excluídos de algum direito. Um bom exemplo é o movimento sem terra. Após essa união, as pessoas organizadas em um movimento passam a compreender, que não adianta apenas a sua luta específica,que sua vida não irá melhorar com a conquista apenas do teto ou da terra. Por isso, normalmente os movimentos sociais tentam convencer a população da importância de sua luta e se solidarizam com outras lutas.
Normalmente, a pessoa que não tem teto, emprego, terra, educação, acredita ser o culpado por tal fato, sendo assim, o movimento social mostra que esses são direitos e não privilégios, o mesmo retira as pessoas de seu isolamento e lhe dá identidade e dignidade.
As passeatas, manifestações em praça pública, difusão de mensagens via internet, ocupação de prédios públicos, greves, marchas entre outros, são características da ação de um movimento social. A ação em praça pública é o que dá visibilidade ao movimento social, principalmente quando este é focalizado pela mídia em geral. Os movimentos sociais são sinais de maturidade social que podem provocar impactos conjunturais e estruturais, em maior ou menor grau, dependendo de sua organização e das relações de forças estabelecidas com o Estado e com os demais atores coletivos de uma sociedade.
O capitalismo sem dúvidas é o grande vilão das desigualdades existentes em nossa sociedade. A luta de classes se expressa em todos os âmbitos da vida diária de cada um de nós, seja pelas relações entre a sociedade civil organizada e a sociedade política responsável pelo desempenho dos papéis e funções do Estado, assegurando os direitos sociais básicos como, saúde, educação, moradia e outros, mas o Estado está cada vez mais impregnado da força dominante da burguesia, prevalecendo assim os interesses do capital, constatando-se assim a perda de direitos sociais. No entanto, as políticas públicas estão diretamente ligadas ao Estado, e este, determina, juntamente com os governos, como e quais recursos serão usados na busca por melhores condições de vida dos cidadãos, eles são responsáveis pela formulação e implementação de medidas que responda às demandas apresentadas pela sociedade civil. Na medida em que forem definidas as demandas, inicia-se o ciclo das Políticas Públicas, ou seja, delimita-se o problema, procurando alternativas para a resolução do mesmo, criam-se estratégias para solucionar estes problemas. Após a solução dos mesmos é necessário avaliar todo esse processo, essa fase de avaliação é de extrema importância, pois permite verificar se a demanda apresentada foi resolvida ou não. Em todo o processo de implantação das Políticas públicas é importante à participação da sociedade civil, pois ela tem autonomia para exercer o papel de controle social, seja por meio de movimentos sociais ou conselhos, ajudando dessa forma na redução e eliminação das desigualdades existentes no nosso dia a dia, principalmente nos grupos historicamente discriminados que sofrem preconceitos e exclusões sociais, que por sua vez afetam a dignidade humana, pois independente de classe social, gênero ou etnia, todo e qualquer indivíduo é portador dos mesmos direitos que qualquer outro membro da sociedade. Cabe a nós lutar por esses direitos.
A consciência de classe só se desenvolve na luta coletiva, no enfrentamento coletivo, reinvindicando seus interesses e organizando sua disposição de luta em busca do conhecimento da democracia.
As organizações e mobilizações de massas saõ essenciais no rumo das políticas públicas, pois elas são grandes influências na educação política e na consciência de classes, sejam elas políticas de Estado ou de Governos.






Ajudando a Construir a cidadania

Os Movimentos Sociais fazem parte de nossa história, não há como negar, e é através deles que conseguimos ver possibilidades de cidadania e participação da sociedade civil nas instâncias de poder, participando das decisões que farão parte de uma sociedade mais justa, reduzindo e eliminando as desigualdades existentes no nosso dia a dia.
Respeitar as diferenças nos faz perceber a realidade social na qual estamos vivendo, uma sociedade imbuida de diferentes formas de pensar, agir, diferentes culturas, etc.
Cada um de nós estamos envolvidos diretamente nas tramas das relações humanas, mas essas relações, essa realidade pode ser modificada a qualquer tempo, desde que enquanto cidadãos de direitos lutemos por nossa cidadania e participemos ativamente das decisões que envolvem nossos interesses, sejam eles individuais ou coletivos, através de conselhos ou movimentos sociais, o importante é não se calar diante das insatisfações ocorridas em nossas vidas.


A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) como referência às atividades dos Movimentos Sociais
Os Movimentos Sociais podem e devem agir à margem da lei para suas conquistas sociais. Os programas, políticas e ideias que discorrem sobre o processo de ação socialmente estruturada são os pontos que normalmente se divergem entre os governantes e os líderes de movomentos sociais, pois nem sempre alcançam a melhoria da qualidade de vida da população.

A  Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), proferida pela ONU (Organização das Nações Humanas) em 1948 e sua ampliação para a realidade do novo milênio, se torna um suporte filosófico para a legitimidade das ações dos movimentos sociais. Através da DUDH os movimentos sociais encontram legalidade para poderem se institucionalizar e para se tornarem parte representativa da expressão de sociedades que buscam a igualdade de direitos e o reconhecimento da democracia e da dignidade inerente a todos os membros da família humana.

Os Movimentos Sociais do ponto de vista sociológico







Os movimentos sociais podem ser categorizados de diversas maneiras, de modo a explicar socialmente o seu fenômeno processual. Por fim, uma vez entendido que a institucionalização de movimentos só se torna possível diante de interesses globais que hoje atualizam o mundo em sua inevitabilidade, sabemos que os fundamentos filosóficos se amalgamam às exigências econômicas e que estas últimas legitimam as ações de todo e qualquer movimento que não caia na marginalidade e encontre no espaço mundano sua legitimidade. Tal visão filosófica tem seus mandamentos na Declaração Universal dos Direitos Humanos que, seguidos como bússola para as regras da convivência igualitária no planeta economicamente organizado pelo capitalismo, orientam a Responsabilidade Social.
Os movimentos sociais passam por estágios de agitação, excitação, formalização e institucionalização. Além disso, o descontentamento social está sempre presente para a sua formação. Seus membros parecem dividir um sentimento comum de inadequação e injustiça social voltando-se para a união mediante a impossibilidade de se adaptarem dentro de mecanismos estruturais legitimados, acabando por se articularem para a gerência de ações capazes de afetar tais mecanismos dos sistemas sociais a fim de viabilizar sua inserção social. 


Participação Cidadã: Movimentos Sociais e Cidadania

Os aspéctos históricos associados às circunstâncias momentâneas promovem uma alteração de valores, gerando um descontentamento social. A insatisfação coletiva nos mostra que existe uma incoerência em relação ao que os sistemas políticos apresentam e à realidade existente. Isso quer dizer que as condições históricas limitam as pessoas, mas não as impedem de agirem na expectativa de alcançarem melhorias nas suas condições estruturais de vida. O Brasil é um país rico em desigualdades, existem diversos grupos, como: pobres, negros, trabalhadoras domésticas, mulheres, que são excluídos, ou seja, não tem as mesmas oportunidades que outros membros da sociedade teriam, e quando há a junção mulher e cor negra, a intensidade da desigualdade é ainda maior, principalmente porque são grupos historicamente discriminados e excluídos por se distanciarem do padrão da normalidade. Mas esse ideário de igualdade e democracia ainda está distante de ser concretizado, pois há um nível de exclusão maior ainda, principalmente quando se diz respeito aos negros, pobres e marginalizados e se forem mulheres então, mas essa história também está mudando com o passar dos tempos, pois as mulheres estão deixando de lado aquela figura de oprimida, procriadora, frágil, administradora do lar, etc e passou a lutar por igualdade de oportunidades, e vem ganhando espaço, seja nos movimentos sociais, espaço nas universidades, pesquisas, ONGS, e acrescentando propostas de mudanças, em busca da justiça e emancipação social. Atualmente é imprescindível para a vida social que haja princípios emancipatórios de igualdade, liberdade e cidadania, para assim lutarmos contra as desigualdades que tem como principal agravante a equação capital x trabalho e as exclusões, que é um fenômeno cultural e social, como o racismo e o sexismo. Infelizmente a democracia racial a pobreza ainda é um dos maiores agravantes de todo esse processo, economicamente falando, ainda somos desiguais, enquanto não houver melhor distribuição de renda, oportunidades iguais de trabalho, educação e informação, estaremos a mercê das desigualdades.





Definição de Movimentos sociais

"Os Movimentos Sociais podem ser considerados como empreendimentos coletivos para estabelecer nova ordem de vida. Tem eles início numa condição de inquietação e derivam seu poder de motivação na insatisfação diante de uma forma corrente de vida, de um lado, e dos desejos e esperanças de um novo esquema ou sistema de viver, do outro". (LEE apud LAKATOS, 1990)
Não há movimento social sem descontentamento social, pessoas necessariamente compartilham uma mesma sensação de inadequação e injustiça. Diante da impossibilidade de se adaptarem dentro dos mecanismos vigentes, e compartilhando um sentimento comum, pessoas se unem articuladamente na gerência de ações capazes de afetar os mecanismos dos sistemas sociais para viabilizar sua inserção social. Alguns agem numa ordem ativa, pois querem mudar o sistema político-social. Outros agem dentro de uma ordem passiva, no sentido de que não aspiram a mudanças no modo como a sociedade se encontra estruturada, apenas tentam a inclusão de pessoas marginalizadas no sistema vigente.


O vídeo abaixo, na voz de Geraldo Vandré, músico da década de 60, retrata o percurso dos Movimentos Sociais no Brasil nos anos ditatoriais, o músico tornou-se famoso pois suas músicas eram ícones da oposição ao Regime Militar, e retratava a resistência do Movimento Civil e Estudantil à Ditadura, principalmente quando foi decretado o AI-5. O refrão da canção foi interpretado como uma chamada à luta armada contra os ditadores.                                                                   





http://youtu.be/PDWuwh6edky



TIPOS DE MOVIMENTOS SOCIAIS

MIGRATÓRIO

 

Principal característica: insatisfação com sua sociedade de origem; seus agentes migram para lugares totalmente diferentes do local de origem, na esperança de melhores condições sociais.
Ex: Movimentos Migratórios de Nordestinos para o sudeste do país.






PROGRESSISTA


Também são chamados de liberais, agem no desejo de mudar, numa atualização social permanente, contrapondo-se às regras, leis e tradições existentes.
Ex: Sindicalistas, partidos políticos, comunidades eclesiásticas.



CONSERVADORISTAS OU DE RESISTÊNCIA



Resistem às reformas e mudanças.
Ex: Grupos que se manifestam contra a legalização do aborteo e do divórcio; ecólogos desejosos de um retorno ao naturalismo maculado pelo mundo altamente industrializado.


REPRESSIVOS OU REACIONÁRIOS


Reúnem indivíduos insatisfeitos com mudanças e almejam reestabelecer as condições sociais que antes imperavam. Os grupos são formados por descontentamentos e mudanças.
Ex: Ku KLux Klan, Neonazistas, Tradição Família e Propriedade (cuja proposta se fundamenta em princípios “puristas” da  Família Cristã).


REFORMISTAS


Seus membros primam por introduzir o que acreditam ser o melhor para a sociedade à qual pertencem, sem alterar as estruturas básicas estabelecidas.
Ex: movimentos feministas, homossexuais ou mesmo o movimento abolicionista durante o Período do Império.


EXPRESSIVOS


Grupos que se direcionam a realizar transformações em sua própria percepção e reações frente ao que é socialmente conflitante, desagradável e confinante.
Ex: Movimentos Religiosos como: Hare Krishna e o Messiânico

UTÓPICOS

Esse tipo de movimento se caracteriza pela fuga da realidade, criando um discurso
 para fundamentar uma sociedade ideal.
Ex: Movimentos Hippies


REVOLUCIONÁRIOS
Movimentos Sociais que se organizam para combater o que é conflitante, desagradável e confinante. Desejam mudanças rápidas e saem em campo para romper com a ordem hegemônica para conquistar seus interesses.
Ex: IRA


Obras Consultadas

RIBEIRO, Cláudio da Silva; Silva, Virgínia de Oliveira Silva. Movimentos Sociais e Educação: rede de ações e letramento para o mundo. v. 1 - Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2008.