quinta-feira, 29 de setembro de 2011

MOVIMENTO FEMINISTA: evolução ou transformação?



Foi através de mobilizações e movimentos que as mulheres conseguiram angariar espaços para expressar suas necessidades, e tentar supri-las através da esfera pública. Não foi um passo fácil de ser dado, pois era necessário superar a subordinação do sexo feminino nas relações de gênero em todos os contextos socioculturais, sejam eles na produção de desigualdade.
Em diversas partes do mundo e do país existiram e existem movimentos coletivos na luta pela melhoria de vida e superação da desigualdade de gênero. Os textos desta unidade nos trás inúmeros exemplos de movimentos que buscavam essa melhoria de vida, como: concepção de indivíduo e cidadania; Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão; consequentemente surgiu a “Declaração da Mulher e da Cidadã”, ressaltando a equidade de direitos entre homens e mulheres, essa conquista foi mundial. Quando falamos do Brasil temos como grande marco dessa luta as revoltas populares e o surgimento de várias organizações contra o Regime Escravocrata que tiveram participação essencial de mulheres nestas mobilizações, ou seja buscava-se a emancipação das mulheres. Podemos perceber no texto que a luta das mulheres por um espaço na vida pública perdurou por muitos anos, quiçá séculos, e ainda hoje temos muitos obstáculos pela frente no que tange à melhoria de vida e igualdade de gênero. Em 1922 surge o 1º Congresso Feminista, sendo considerado a primeira onda do feminismo Brasileiro, que obteve muitas conquistas como: o direito ao voto; alguns cargos antes ocupados somente por homens, ou seja a partir do movimento feminista, reconhecido como o movimento social mais importante da era moderna, criaram-se questionamentos sobre as hierarquias, desconstruindo concepções culturais, comportamentos e práticas sociais. A partir da década de 1960, o feminismo se consolidou e se legitimou enquanto prática política e proposta filosófica de compreensão do mundo.
Diante da restrição às liberdade civil imposta pela ditadura, pela divisão da igreja católica entre famílias , propriedade e busca por mudança social (combatendo a pobreza), entre outros, o feminismo surge através de diferentes correntes de pensamento e ideologias políticas, a luta comum era: redemocratização e a defesa da autonomia das mulheres diante dos homens, da família e do Estado, ou seja, lutar contra todas as formas de violência, aquisição de direitos à saúde, ao trabalho, à educação, à contracepção, ao aborto seguro, direitos trabalhistas, entre outros.
Falando em direitos trabalhistas o texto aborda muito bem o movimento operário no Brasil, tendo enfoque central na introdução de mulheres nos sindicatos. Todos sabemos que com o advento da industrialização no Brasil houve grande incidência de imigrantes e mulheres nas grandes fábricas, mas essa inserção não se deu com os mesmos benefícios adquiridos pelos homens, foi um momento de intensa mobilização dos operários nos grandes centros urbanos, com influencias anarquistas e comunistas, buscando sempre romper com a intensa exploração a que eram submetidos os trabalhadores/as. Neste contexto, a participação das mulheres tanto no mercado de trabalho quanto nas mobilizações operárias foi alvo de grande condenação moral, o que não impediu que elas atuassem ativamente no movimento.
O aumento do custo de vida fez com que um maior número de mulheres fossem para o mercado de trabalho, consequentemente se depararam com diferenças salariais, mesmo exercendo a mesma função. Em 1932, houve um ganho significativo para as mulheres, pois a partir dali, tinha-se um respaldo constitucional garantindo-lhes, equivalência salarial entre pessoas que desempenhassem a mesma função, independente do sexo; o direito das trabalhadoras grávidas a uma licença antes e após o parto e a proibição da demissão do trabalho às mulheres grávidas.
A leitura nos permite observar que a visibilidade alcançada pelas mulheres no movimento sindical conduziram à incorporação de reivindicações específicas de gênero feminino às pautas políticas, mas infelizmente ainda hoje existe muita diferença no trato com as mulheres, existe cada vez mais mulheres engajadas na luta sindical e nos diversos movimentos sociais que existem, em busca de melhores condições de vida. Um exemplo claro é com relação ao trabalho doméstico, onde mulheres desempenham trabalhos sem remuneração alguma em casa e quando trabalham fora dela, há um grande percentual de mulheres que não tem seus direitos trabalhistas garantidos. Um outro tipo de movimento que não alcançou nenhum progresso em suas reivindicações, ainda não tem autonomia, estou falando das trabalhadoras do sexo que ainda são vistas como pessoas que além de venderem seu próprio corpo, são vistas como desonestas, e muitas vezes propagadoras de doenças. Fazendo um apanhado geral de nossa leitura percebemos que com certeza alcançamos um grande progresso na luta por melhores condições de vida, condições de igualdade de gênero, mas podemos, como as grandes mulheres citadas nos textos, diante de nossas dificuldades seja ela por sermos negras, homossexuais, índias, pobres, etc, lutar por aquilo que nos tornem melhores, por aquilo que nos proteja das grandes dificuldades e preconceitos encarados no dia a dia de milhões de pessoas, o importante é ter um ideal, respeito e propostas que possam ser incorporadas nos movimentos, conselhos ou qualquer forma de manifestação de reconhecimento do cidadão.
Na atualidade os movimentos de mulheres existem e apresentam uma gama de questionamentos, tais como: o combate ao racismo; sexismo; homofobia; inclusão igualitária na política; no mercado de trabalho e, no espaço privado. Diante de tais aspectos se faz de grande relevância a caracterização destas mulheres: Quais são? Aonde moram? Quais suas origens? O que reivindicam? Quem representam? Lutam por que e para que?. As respostas destas perguntas nos remetem a um determinado grupo social de mulheres, que pode ser de negras; indígenas; jovens; lésbicas; trabalhadoras do sexo; do campo; operárias e etc. A luta por mais que pareça ser a de um grupo específico, caracteriza-se em ganhos para o conjunto das mulheres, que junto com os homens formam a nação brasileira, que carece de direitos e oportunidades para o movimento feminista.
Todavia, algo nos faz analisar a situação de nossa localidade (Bom Jesus do Norte e região). Visto que, em enquete proposta por este, com a seguinte pergunta "Você participa de algum conselho ou movimento". A quantidade de sim foi de 33%, enquanto que, o de não ficou com 66% dos votos ofertados na enquete. Será que estes dados expõem a situação dos movimentos sociais no Brasil ou é apenas uma visão do interior? A indagação desta pergunta nos faz analisar a importância deste canal, como propagador de uma visão otimista e entusiasmada sobre os movimentos sociais, principalmente, os que defendem o gênero feminino e os de raça/etnia.

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